O que há de tão bom em virar o jogo?

21:05

Foto: Reprodução/Tumblr
Em picuinhas de casal e partidas de futebol, uma coisa é certa: não se pode "deixar barato". Cresci ouvindo isso.

Por exemplo: se um carro te deu uma cortada no trânsito, não siga o seu caminho de origem; acelere um pouco até alcançá-lo e então por uns míseros cinco minutos, feche ele. Não dê nenhuma brecha, porque você não pode sair por baixo com o que ele te fez. Se for possível, abaixe os vidros, buzine incessantemente e suponha algumas coisas sobre a mãe do infeliz que cruzou seu caminho. Assim seguimos ensinados a tentar de alguma forma virar o jogo em situações onde, muitas vezes, nem há uma partida a se jogar.

O problema nas numerosas tentativas de virar o jogo é que ainda é o mesmo jogo sendo jogado, por mais óbvio que isso soe. Virar o jogo não é sinônimo de superar (não falando agora do cotidiano de um motorista). Pelo contrário, a iminência de cair novamente existe porque você ainda está tentando ganhar o mesmo jogo. Tentando provar algo ao outro ou ao seu orgulho ferido, quando na verdade você já devia estar longe o suficiente para não se permitir a chance do revés.

E o que há de tão bom em virar o jogo? Seguimos pais corruptos de um orgulho mimado, sempre tentando mudar a sorte a nosso favor para assegurar a nossa cria que ele nunca vai perder e só assim dormimos bem. O problema, no entanto, é que as tentativas de não se permitir perder um jogo podem te custar perder muito mais do que o que você poderia ganhar jogando.

Admita para si mesmo que algumas causas serão perdidas, e tudo bem ser assim. Chega uma hora em que é preciso largar o osso, trocar o disco, e tudo isso em prol de não vivermos uma vida catando falsas vitórias, cientes, porém, de que talvez seja um escambo por derrotas mais honestas.

No fim, a questão não é se o jogo há ou não de ser virado, mas o quanto moldamos nossa vida a uma grande competição, onde seguimos insanos, como quase disse Einstein: insistindo em fazer sempre a mesma coisa, esperando outro resultado senão o preciso 'game over'.

Você também pode gostar

0 comentários

Dá uma moral no Facebook

Já me seguiu no Instagram?